A Dança do Rei David pode ser considerada, num contexto etnográfico, uma representação de Teatro Popular / Tradicional, pertencente ao ciclo religioso.
Rei David 2003
Até ao séc. XV, a Dança do Rei David era conhecida pela “Dança do Rei Mouro” ou “mourisca”. Trata-se de uma recordação deixada pelos Mouros na região do Baixo Minho, mais precisamente aquela que confina com a cidade de Braga.
A dança terá tomado a designação de “mourisca” devido ao traje dos músicos e dançadores e à própria melodia e passos de dança, a indigitar a sua proveniência árabe.
Inicialmente, esta dança incorporava a Procissão do “Corpus Christi”. Quando a Igreja Católica proíbe as danças e exibições profanas nessa soleníssima procissão, a dança passa a ser designada por Dança do Rei David, nome achado conveniente, supostamente associado à popularidade dos temas bíblicos e teológicos, muito divulgados em Portugal nos finais do séc. XV.
Apesar do rei mouro ter sido transformado no patriarca bíblico David, esta dança continua, no entanto, a ser considerada pagã, sendo sempre exibida isoladamente em dias santos.Em Vila Verde, a Dança do Rei David popularizou-se e ganhou raízes na freguesia de Vilarinho, incorporando a tradicional e secular procissão de “Corpus Christi” (Corpo de Deus), que ainda nos tempos actuais é um verdadeiro ex-libris da região.
A sua popularidade entra também nos instrumentos musicais usados na dança, juntando ao violino, bandolim e violão, o cavaquinho, a viola braguesa e os ferrinhos, estes últimos pertencentes à tocata tradicional de Vila Verde.
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Os intervenientes são dois Guias (passavantes), que abrem caminho ao Rei, e os acompanhantes (músicos), cinco em cada fila, constituindo a “comitiva real”, outrora com o objectivo de anunciar a paz ou a guerra.
Em 1981, depois de vários anos de interregno, esta tradição de origem erudita, que se popularizou, é reposta em Vila Verde pelo Grupo Folclórico de Vila Verde, com a colaboração e apoio de elementos do Grupo “Raízes” e de alguns intervenientes de um antigo e extinto Grupo, naturais e/ou radicados nas freguesias de Vilarinho; Pico S. Cristóvão; Prado S. Miguel e Penascais.
Mais tarde, em Outubro de 2003, por ocasião do 45º Aniversário, e agora em 2008, integrada numa Missa comemorativa do seu 50º Aniversário, o Grupo Folclórico de Vila Verde repõe de novo a tradição de Teatro Popular, ainda com a colaboração e apoio de elementos do Grupo “Raízes”, e de um elemento do Grupo “Canto D’Aqui”.
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